“O topo dos rankings foi, sem dúvida, gratificante”
Diogo Serra na primeira pessoa
Há nove anos que não regressava àquela que foi “a sua segunda casa”. Terminou o ensino secundário em 2012 e, a alguns dias de completar 27 anos, recua no tempo para lembrar o que ficou dos 12 anos passados no Colégio Internacional de Vilamoura. Hoje no Departamento de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal, onde desenvolve o seu trabalho na área de Política Macro Prudencial, Diogo Serra revela algumas das suas aprendizagens.
Os professores recordam “um aluno muito curioso, determinado, excelente em raciocínio matemático e com uma forte vocação para a Economia”. Mas Diogo haveria de ingressar numa outra área: a do Direito. “Durante três anos vivi na certeza de que tinha escolhido a área certa”, diz. Mas o tempo acabou por mostrar o inevitável: a sua vocação. Após um ano de frequência universitária muda para a área de Economia e sai da Universidade de Coimbra, em 2016, com 17 valores. Frequenta depois, entre 2016 e 2018, a Nova School of Business and Economics (Master of Science - MSc), e recebe 18 valores pela sua tese, sobre "Inequalities in Access to Healthcare: Migration in Europe".
O que aprendeste com este volte-face no teu percurso académico? – questionamos. “Eu fui sempre de grandes planos. A cinco anos do fim do secundário já tinha tudo mais ou menos planeado, mas as circunstâncias da vida, a experiência, são sempre grandes professores.” A experiência acabou por mostrar a Diogo quais eram as suas verdadeiras aptidões. “A verdade”, acrescenta, “é que vivi sempre a dúvida em relação ao que pretendia especializar-me, mesmo no Secundário. Gostava de áreas que não estavam na mesma secção de conhecimento e isso sempre me dificultou um pouco, sobretudo na altura do 9.º ano.” O que aprendeu? “Esta experiência serviu, sobretudo, para me dizer que devo deixar de planear tudo com tanta antecipação, aproveitar mais as coisas que me dão prazer.
A entrada no mundo do trabalho
Em setembro de 2018 inicia um estágio de seis meses no Banco de Portugal, em Lisboa, e acaba por ser convidado a ingressar nos quadros em março de 2019. Hoje, desenvolve o seu trabalho na área da Estabilidade Financeira, em Política Macro Prudencial. “Trabalho numa área bastante direta em relação aos conteúdos que estudava, e isso levou a que me sentisse muito confortável. Para além disso, o meu ambiente de trabalho foge à ideia que eu tinha, de que seria excessivamente formal, e trabalho com uma equipa muito boa”, refere o ex-aluno.
De momento, Diogo Serra assume que sente falta da “sociabilização e da reflexão comuns”, bem como “do convívio profissional com os colegas e também amigos”. “Com a pandemia, a empresa equipou-se, em termos informáticos, para iniciarmos, desde logo, trabalho à distância com a segurança necessária.” E foi a partir de Lisboa, inicialmente, e, desde há um mês, a partir do Algarve, que tem desenvolvido o seu trabalho diário.
O CIV, esta sua “segunda casa”
À medida que falámos das memórias que ficaram, à sombra dos velhos bordos do jardim, Diogo vai recordando o que era e já não é: a cor dos edifícios, a escada de acesso ao Bloco 1, as bandeiras da entrada; e apontando o que é, para si, novo: as escadas de segurança, o campo de relvado sintético, o Salão Multicultural, o Espaço Infantil… Invade-o uma certa nostalgia. Confessa ter feito uma “viagem no tempo” ao longo do percurso de carro até ao CIV. Uma reflexão que o conduziu no sentido das coisas que levou dentro de si.
“Desses 12 anos que cá passei, trouxe comigo duas grandes competências”, conta. “A primeira, o espírito crítico. Foi uma área sempre muito fomentada, desde sempre, desde o início. As aulas não eram meramente uma transmissão de conteúdos e havia sempre muito espaço para a dúvida e para a reflexão”, lembra. Diogo crê mesmo que esta terá sido a base para “esta dúvida constante acerca das coisas, de uma forma equilibrada e saudável”. Aprendeu que “temos o dever de refletir sobre o que duvidamos numa primeira fase”, “saber refletir é muito importante.”
“A segunda”, acrescenta, “foi o grande incentivo à investigação”: “destaco o projeto anual de forma mais significativa, mas todos os trabalhos que fomos realizando desde o 1.º Ciclo, e que apresentávamos nas cartolinas compradas na Papelaria moldaram-me, de certa forma.”
Estas duas aprendizagens acompanham hoje Diogo Serra, “de forma transversal, ao longo do tempo e em relação às várias áreas do saber.”
Como foi receber a notícia de que tinham sido a turma com a mais elevada nota nos Rankings Nacionais de Escolas de Ensino Secundário 2010-2011? – questionamos. Esboça um sorriso rasgado, o olhar distante.... “Foi muito gratificante, enquanto turma, e para a escola. Foi a concretização de todo o trabalho desenvolvido ao longo daquele ano. E acho que foi no timing certo porque foi, sem dúvida, gratificante para o professor Renato. Ficámos muito felizes também por isso.”
A família como âncora
A tarde vai longa e a conversa é interrompida por alguns professores que vêm cumprimentar o ex-aluno. As conversas perdem-se no tempo, com muitos sorrisos à mistura. Voltando à entrevista, Diogo fala da forte referência que tem no valor família. Os pais, em primeiro lugar, e depois a avó materna e o avô paterno foram pessoas que o marcaram profundamente e dos quais recebeu, em diferentes fases, ensinamentos que são um farol na sua vida. Quase a completar 27 anos, que características mais prezas nos outros? – colocamos. “Simpatia, sempre e, acima de tudo, lealdade e respeito”.